quarta-feira, 4 de julho de 2018

Homenagem a Federico García Lorca


Minha homenagem ao poeta e dramaturgo andaluz Federico García Lorca.
Desenho a lápis em homenagem a Federico García Lorca, por Carmem Toledo.

O Arlequim é uma referência à sua peça "Así que pasen cinco años" e os relógios derretidos, uma menção à obra de Salvador Dalí.

O gênio do flamenco Camarón de la Isla (também espanhol de Andaluzia) interpretou magnificamente uma adaptação de um pequeno trecho desta dramaturgia de Lorca, que também teve uma rica versão gravada por Raimundo Fagner em seu belo disco "Traduz(c)ir-se". No texto original, quem o interpreta é o Arlequim - personagem nascida na Commedia Dell'Arte que Lorca utilizou sabiamente. Trazendo consigo duas máscaras, ele conta a história do sonho e do tempo, que sempre andam juntos, abraçados.
Pensando em "La leyenda del tiempo" e na amizade que havia entre García Lorca e Salvador Dalí, resolvi retratar o Arlequim da obra segurando dois relógios da famosa pintura "A persistência da memória".

"El sueño va sobre el tiempo
flotando como un velero.
Nadie puede abrir semillas
en el corazón del sueño.

¡Ay, cómo canta el alba, cómo canta!
¡Qué témpanos de hielo azul levanta!

El tiempo va sobre el sueño
hundido hasta los cabellos.
Ayer y mañana comen
oscuras flores de duelo.

¡Ay, cómo canta la noche, cómo canta!
¡Qué espesura de anémonas levanta!

Sobre la misma columna,
abrazados sueño y tiempo,
cruza el gemido del niño,
la lengua rota del viejo.

¡Ay, cómo canta el alba, cómo canta!
¡Qué espesura de anémonas levanta!

Y si el sueño finge muros
en la llanura del tiempo,
el tiempo le hace creer
que nace en aquel momento.

¡Ay, cómo canta la noche, cómo canta!
¡Qué témpanos de hielo azul levanta!"

(Federico García Lorca, "Así que pasen cinco años: La leyenda del tiempo" , terceiro ato, primeiro quadro)

Carmem Toledo
Instagram: @carmem.dalida




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